segunda-feira, 20 de maio de 2013

Feliz é quem se apaixona, quem faz suas emoções circularem pelo corpo, feito o sangue que carrega nossa energia de cima até em baixo. Esse amor é o que nos impede de necrosar, de virar presunto. O amor pela natureza, pela vida, pelas pessoas mágicas que encontramos nas esquinas, nos butecos, no ponto de ônibus...o amor de ser gente, que tem nas mãos todas as direções, todos os mapas, todas as receitas e todo o conhecimento de causa e efeito e que na maioria das vezes, não serve pra nada, porque somos apenas fantoches na mão do acaso. Passamos a vida fazendo projetos só pra ter o prazer de vê-los indo pro esgoto, porque o inesperado é sempre mais amplo, dominador e absoluto. O inesperado é sempre o mais esperado!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Costumava escrever músicas, sempre que estava mal da cabeça. Talvez por isso só conseguisse escrever blues. O blues foi feito para deixar as pessoas que escutam pior do que as pessoas que os compõe, já dizia os velhos do Mississipi. Abaixo algumas das minhas agonias, que se tornaram músicas ou não.


Agonia

Passo o dia, a tarde escura, dentro de mim mesmo;
Minha vida tão segura, dentro em meus medos;
Meu apartamento, meu Jardim de Abril;
Meu dia cinzento, moça que pariu

Vago todo dia, sem destino ou lugar;
A Terra é minha sina, a piscina vem do mar;
E esse mundo estranho...
E esse vida louca...
Não sou desse rebanho, não...
Não sou 'gente pouca'...

A vida me deixou...
A vida me deixou, só...
A vida me deixou, só o pó...meu bem

Passo o dia, a tarde escura, nesse caos civil;
Respirando o ar imundo da cidade, que me pariu;
Esperando algo novo acontecer e distorcer;
Essa tal realidade que me envolve e que me faz descer;
Nos confins da sociedade, miseravelmente toda igual;
Diferente dos abutres que habitam o planalto central;
De todos filhos dessa Pátria Amada, mãe gentil;
Passo o dia a tarde escura nesse caos civil.


Bluesinha


Escute aqui menina,
Eu não quero te enganar,
Vê se me desculpa,
Mas hoje não vai dar...

Não tenho dinheiro,
“Tô” sem condução,
E sei também que você
Não é de pegar “buzão”.

Minha balada é rock,
Mas seu mundo é pop,
Dinheiro...
                       
Eu sou bicho urbano,
Dessa cidade louca,
Já fui punk, hare-crisna
Hoje eu durmo numa moita

Não tenho pra onde ir
Nada à oferecer
Cachorro, quarto ou sala,
Nem banheiro nem tv...

Mas se eu te “serro” um drops,
Seu whisk on-the-rocks
Primeiro...

Minha balada é rock,
Mas seu mundo é pop,
Dinheiro...

Então preste atenção,
Vou te explicar meu bem,
Não quero sua grana,
Nem saber o que você tem,

A família me banca,
Você deve saber
A mim não falta grana,
O que me falta é o que fazer

Minha balada é “fuck”!
Mas seu mundo é junkie
Fuleiro...

Então venha meu amor,
Não vamos perder tempo
Agora eu to sacando,
O que está acontecendo

Você me quer,
Eu te quero também,
Pra que saber do resto
Se o mundo vai ou vem

Nossa balada é o toque
Nosso mundo Woodstok
Inteiro...

Mas nossa vida é top,
Nosso beijo é um choque!
E meio.


Acabou

Cansado de ficar o dia inteiro aqui a toa
Olhando para o vento vendo o tempo se esgotar
Revendo os meus conceitos do que é uma vida boa
Se vou absorver ou se vou ter de conquistar...
Se vou morrer, se vou crescer, se vou querer a minha vida endireitar...

Comprei um “38” carregado até a boca
Em pleno desespero de não ter como matar
O tédio que essa tal de rede globo proporciona
Puxei o meu gatilho até o Bonner se calar
Se vou ligar ou aceitar ou concordar com a minha vida alienar...

O caos tá planejado nesse mundo e não é a toa
Pra que tanto dinheiro, não vai ter como gastar
A terra vai parar, ta combinado data e hora
Não tem o que fazer porque não tem como evitar
Salve a fumaça, nossa deusa de desgraça, salve nossa evolução...

Parece até viagem, mas ninguém ta aqui a toa
Persegue seu caminho mas não deixa de olhar
Ao lado tem um mundo apodrecendo na vergonha
Pra que distribuir se vai poder multiplicar
Deixa a ganância, pai e mãe da ignorância, paz amor e rock´n roll

Canalha Blues

Solta esse cabelo, meu amor;
Larga dessa louça, que eu sujei;
Rasga esse avental cheio de flor;
Veja só o que eu encontrei...

A lua cheia, bisbilhotando nosso ninho de amor;     
Que eu já to cheio de entender, compreender, quero você...com fé e dor!

Pára de dizer que hoje não dá;
Que pra viajar, tem que sofrer;
Que sempre disse não, que sua educação;
Só faz o meu desejo enfurecer...

Me tatuar em tua carne, só pra te fazer sofrer...com teu pudor...
Que eu já to cheio de entender, compreender, absolver seu mal humor...

Vem me ter menina;
Não tem de esperar;
A noite está tão linda;
E o veneno está no ar;
Cortar seu corpo tiras;
De metal e de prazer;
Me faz voar tão alto;
Me faz entorpecer...

Deita aqui comigo, meu amor...
Deixa essa vergonha, de querer;
Sai dessa Tv, vem me oferecer;
Vem ser meu brinquedo de prazer...

Vem se render na lua cheia embriagada de tequila e de tesão...
Porque meu corpo pega fogo, leve e solto feito folha em furacão...


Carta suicida

Dos seus olhos, descem lagrimas de sangue
Suas palavras verdadeiras, soam pouco especial
Seu perfume preferido, fede feito o mangue
Atitudes traiçoeiras, por um crime tão banal...

As pessoas diferentes, cada um é uma estrela
Seus fracassos, suas fraquezas...sua vida tão normal
O profano agora é puro, a poesia é só besteira
O mundo é cativeiro, dessa gente tão boçal.

O meu grito sorrateiro, hoje é segunda feira
Manhã fria, dia estranho, caos e vida em pleno ar
Pro meu corpo eu sou insano, pra minha alma passageira
Estou solto no universo, mas sem ar pra respirar...

Quando olhei para a janela, sem ter nada a perder
Me lembrei da vida bela, e que o tempo há de curar
De tudo que passamos, que sentimos, pode crer!
Voei pra eternidade, passaporte 8º andar...

Sonhos verdadeiros, psicodelia pura
Antônimos contrários, viagens para o céu
Saudades desconexas, o meu pão com carne crua...
Orgasmos sem tesão, amor, Platão...Ser infiel.


De Lua à Lua

Dezessete horas, vou saindo apressado;
O tempo ta passando, eu to ficando preocupado;
Vou pra “Black River”, essa não posso perder;
Rever os meus amigos, tanta coisa pra viver...

Vou de Lua à Lua, o tempo inteiro..
À procura do prazer....

As portas que se abrem, sem a gente perceber;
Os caminhos decididos, escolhidos sem saber
Vou viver a vida no inferno ou na cruz
O corpo adormecido, envolvido nesse blues...

vou de Lua à Lua, perturbado
com brilho dessa luz...

Ando o dia inteiro, sem ter a quem amar;
Lavo louça, acordo cedo, minha vida a se acabar
As pessoas delirando, fingem nada acontecer;
E o tempo se esgotando, tanta coisa pra fazer;
Vou pra “Black River”, lá eu posso ser feliz;
Manter a chama acesa, viver sempre por um “triz”;
Fazer amor com a lua e trepar com um vulcão;
Na sexta feira santa, sangue de menstruação...

Eu não sei de tudo, tenho muito a aprender
Dos sonhos coloridos, dos abismos a esquecer
A luz de “Black River”, cada dia especial
A noite a lua cheia, seus instintos, coisa e tal...

Vou de Lua à Lua, flutuando
Nessa pira espacial. 


Diário de um Hippie

Solto acordado no espaço;
Sonho que não se elevou;
Mato meus pés de cansaço;
Mato meus pais e me vou.

Desço do ar e descalço;
Calço meu chão a voar;
Um mundo novo explode;
Salta dos olhos pro ar...

Morto de pé eu concedo;
Meus dias todos pra ti
Olho pro céu e amanheço
Nesse avesso sem fim...

Hoje meu lar é a estrada;
Minha estrada ilusão;
Morte a carteira assinada;
Ao proletário e ao patrão...

Sou hippie sou universo;
Sou um pedaço de Deus;
O meu futuro é incerto;
Bem parecido com o seu... 


Gritos do passado

Antes de ficar velho vou dizer;
As coisas que envolvem nessa dor;
Esse mundo estranho, do ódio imperador;
Que a glória dessa guerra é o caos e dor...

Antes de ficar velho vou dizer;
Sonhos sufocados, a ilusão;
Morte e exílio, contra a opressão;
Hoje escravos da televisão...

Antes de ficar velho vou dizer;
Desse país rico e miserável;
O homem do poder; sabia o que fazer;
Hoje assiste a tudo conformado...

Onde estou? Quero viver...
Nesse país, ter ou não ser...
Tem futebol, tem carnaval...
Ser sem sentido, sem alma, ser normal...

Antes de ficar velho vou dizer;
Dos jovens que assistem acontecer;
Sentados no sofá, em frente da TV.
Fumando um “baseado” pra esquecer...

Antes de ficar velho vou dizer;
Das nossas crianças a crescer...
Futuro da nação, mas sem educação;
Mortas por não ter o que comer...

Antes de ficar velho vou dizer;
Que não acredito mais em nada;
A vida corrompida, os valores invertidos...
O mundo transformado em copo d’água...



Katrina

Ó  meu amigo, da Lua;
Mando notícias a você;
Está tudo estranho, você tem que ver;
O homem não tem alma, não há o que fazer
Me perguntam todo dia, qual é o meu andar...
O meu corte de cabelo, o que é que eu vou tomar...
Já tem mais de 15 dias que não pinga uma só gota da torneira...

Ó meu amigo, esperto;
Pulou no foguete, no momento certo;
Aqui ta um caos, 42 graus;
O sol que ilumina, queima e alucina;
O mundo parou, o “pretinho” sumiu...
A culpa é de Deus, o homem evolui...
Meu travesseiro manda e-mail, troco tudo pelo seu pão com manteiga...

Mãe natureza é implacável, não tem distinção;
Mata cobra, leopardo, faz do dia escuridão;
Assassinado o protocolo, assinado quero não;
Já foi dado seu recado, em fumaça e furacão;

O meu amigo, a toa;
Ganha dinheiro e vive numa boa;
Daí o que vê? O Brasil na TV...
Ganhando seus milhões, queimando seus pulmões...
E o povo continua, te olhando ai na lua...
Esperando o carnaval em cadeia nacional...
No fim do ano vai ter mais uma eleição para presidente.



Manequim Vivo

Por que ser tão diferente?
Por que não ser tão normal?
Se tudo que eu vejo, parece com o mesmo,
O estranho é o original;

Por que não ser reverso?
Inverso do verso vulgar;
Se eu uso vermelho, tatoo no joelho,
Cabelo, chapéu ou All Star;

Fazendo caras e bocas;
Andando pra lá e pra cá;
Bebendo, fumando...fazendo besteira;
Vivendo pra impressionar;

Provocando suspiros;
Do povo que só vê tv;
Procura e não acha, enxerga e não vê;
O que vale a pena viver...

Vendendo ser próprio universo;
A troco dos olhos boçais;
O sonho é o dinheiro, a morte é o espelho;
Vivendo num porto sem cais...

Ganhando experiência...
No que não se quer aprender;
A moda dita a rotina;
Na mente ter ou não ser...

Negro Humor Negro

 “Tem dias em que você pensa que vai ser tudo igual...e quando o dia termina você tem certeza...isso é normal ”

Feche a porta apaga a luz;
O sonho começou...
Mas um dia atordoante de calor...
E chama intensa...

O Mês passado ainda não terminou;
O tempo é conseqüência...
Desses dias turvos hora agonizo,
Hora peço clemência...

Tenha piedade de mim;
Sou fiel e vulgar;
Fui condenado à 20 anos ao Complexo Penal do Tédio...

Vez em outra tento enfim;
Inconsciente suspirar...
Sufocar meus sentimentos
E depois...voar.         
           
São seis horas da manhã;
O galo nem cantou...
Mas meu “alter-ego” responsável
Me sacode pra acordar...

Toca o sino, omito o céu sem luz;
Tanta conta pra pagar...
O mundo continua sendo mundo;
Só parou de girar...


São Thomé das Letras

Ontem te vi dançando com os pés nas estrelas;
Vi a lua lá brilhando;
São Thomé esperando;
Vinho tinto ou branco
Vai cair, barranco;
Vou sair andando;
São Paulo me esqueça;
Porque já não agüento mais, ainda bem que hoje sexta feira, meu amor.

Quero ver o lobisomem e a Brigitte Bardot;
Nessa lua louca e linda;
Encontrar você;
E te satisfazer;
Até não mais poder;
Essa necessidade de fazer, amor...Por favor...
Porque já não agüento mais, esse desejo que corrói a veia, meu amor...

Tigres e veados, todos caminhando em paz;
Todo mundo é parecido;
Seja pobre ou rico;
Alto, baixo ou fino;
Negro ou albino;
Ou até esquisito, tudo vale a pena;
Porque já não agüento mais, essa gente de alma tão pequena, meu amor...

De dia meus olhos contemplam a deusa Natureza;
De noite é que o bicho pega;
Vou subir na pedra;
Vou queimar minha erva;
Com a mente aberta;
Ver o sol nascer com toda consciência;
Porque já não agüento mais, pra que no mundo tanta violência, meu amor...

Somos crianças carentes de viver;
Somos animais sem faro;
Se eu não morro, mato;
Vivo no marasmo;
Feito cão e gato;
To caindo fora, quero mais viver;
Porque dessa vida louca, o que se leva realmente é o que se pode aprender...









segunda-feira, 13 de maio de 2013


Quando o dia vira noite e a noite vira dia, hora de repensar.
Quando o prazer vira tortura e a tortura vira prazer, hora de repensar.
Quando a admiração vira repulsa;
Quando a atração vira desprezo;
Quando certo vira errado e o errado vira certo...
Quando tudo muda é hora de repensar, porque mudar é importante. É o que nos mantém vivos.