sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Eu não sou ateu.
Ainda que o mundo de hoje taxe a religião de fé inocente. Ainda que os pensadores contemporâneos digam (na internet, TV e em escritos, parafraseando Leandro Karnal) que a religião é só mais um dos mecanismos de controle da sociedade.
Ainda assim, não consigo ser ateu.
Comparo os ateus aos incrédulos da vida fora da terra, aos que não acreditam nos 'ovnis'. Ora, somos formigas do universo, como poderíamos ter tal certeza? Usamos o termo infinito para assumirmos que não temos capacidade de saber, pelo menos por enquanto, o que é isso ao qual estamos inseridos.
Somos minúsculos, mas gigantes de ego e convicções.
A vida por si só já é um grande milagre, visto que para você andar com esses braços balançando pela rua, desde a sua geração, muita coisa deu certo ao mesmo tempo.
Para que você viesse a ter vida, uma infinidade de detalhes e acasos ocorreram, de forma orientada e organizada. Desde de lá, do útero materno, as condições de temperatura e pressão, químicas, físicas e acima de tudo, oportunidade.
Somos animais mutantes, que renegam a natureza na sua essência. Respiramos, comemos e bebemos coisas que a natureza nunca nos ofereceu.
E ainda assim, continuamos vivos.
Negamos nossos instintos, destruímos nosso habitat, suprimimos nossas necessidades mais básicas, como o sono.
E ainda assim, continuamos vivos.
A vida por si só é um grande milagre. E não dá pra ser ateu diante de tantas provas divinas.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Reflexões de um final de semana de finados
Falar sobre a morte numa segunda feira é como falar de feijoada na quarta ou de cerveja na sexta, a não ser é claro que você seja um new hippie, que a essa hora está cochilando enquanto assiste entre uma pescada e outra a Ana Maria Braga.
O medo da morte não é o medo da dor, até porque morto não sente dor. O medo da morte também não é medo da saudade, já que a saudade é de quem fica. O medo da morte também não é o medo do fim, pois não se sabe ao certo se a morte é realmente o fim.
Então, o que é a morte?
Não existe nenhuma certeza sobre o que é a morte e é ai que descobrimos o motivo de tanto medo: O desconhecido.
Por essência e por sobrevivência, sempre tememos o desconhecido. Fomos treinados pela natureza para temer o que não nos é explicável, o que não nos é palpável, o que não conseguimos enxergar. A morte pode ser o fim de ciclo biológico, pode ser um descanso infinito, o começo de um novo ciclo ou simplesmente a continuidade da vida, em outras dimensões. Pode ser a passagem pro inferno ou paraíso, evolução de alma, putrefação do corpo, podemos encontrar com entes queridos, entidades de luz, 50 virgens, capetas e capirotos de todo tipo. Podemos ainda viver em outros planetas, voltar ao passado, viajar para o futuro. A morte pode ser apenas uma ilusão do tipo Matrix ou algo irrevogável e eterno. A morte pode ser qualquer coisa, já que seria uma enorme prepotência de um ser que usa apenas 20% de sua capacidade intelectual, atribuir alguma certeza a um tema tão obscuro, quanto o tamanho e conteúdo do universo.
A Morte é um grande evento, sem dúvidas. Uma grande metamorfose que somente a quem percorrer o caminho do túnel saberá responder, mas a lição que morte ensina em vida é que o hoje é o dia mais importante, agora é o único momento que interessa e que nossa vida deve ser pautada no amor diário, no bem constante. Tudo que te faz bem é pra hoje.
A morte põe em prática um plano bem antigo de Deus, nivelando-nos no mesmo patamar. Diante dela, suas conquistas, seus bens materiais, seus diplomas, sua arrogância, suas habilidades, sua prepotência, sua honestidade, sua devoção, enfim, sua vida toda, não tem nenhuma relevância, ela chegará para todos. Assim como para Deus, para a morte todos são iguais, então pode se dizer que o morte é divina.

Canto para minha morte - Raul Seixas

Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...
Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

quinta-feira, 14 de julho de 2016

São Paulo, minha linda.

São Paulo, minha linda. Tão bem representada na mpb do Caetano, no rock do Ira, no samba do Demônios da Garoa e no funk do Preme. Tantas épocas, tantas doçuras. A minha capital é um organismo vivo, muda o tempo todo. Dos puteiros da Augusta antiga, dos redutos do rock como o Bixiga, os botecos copo-sujo da Lapa e da Cardeal. Tantos bares que morreram e deram lugar a outros bares, que depois também morreram e voltaram a ser os bares da antiga novamente (bem, o exemplo do Madame, que virou morcegóvia e voltou a ser Madame novamente é o único que conheço, mas serve como prova do texto), tantos outros nasceram e não param de nascer mais.
Tanta gente veio pra cá de lá pra cá, de lá, de acolá, de todos os cantos. Mas de lá pra cá, também uma coisa vem mudando, Os braços de São Paulo não andam mais tão abertos. A cidade que sempre foi um símbolo de acolhida a todos os povos, de ser formada por uma mistura interminável de sotaques, etnias, religiões e opções, hoje já se mostra contraria a receber pessoas que a escolhem para tentar ganhar a vida. Reagem a imigrantes (obviamente, somente os oriundos de nações pobres), tem mostrado intolerância regional, racial e sexual. Um comportamento conservador, que nada tem a ver com a política e sim, com o velho individualismo, Mas isso dá horas de conversa.
São Paulo minha linda,  continua apressada, mas sem mais tanta garoa. Continua crescendo mas com cada vez menos oportunidades. São Paulo continua linda, mas muito mal educada.


O tempo e a pressa.

O tempo são horas, minutos e segundos. A pressa é a vontade de fazer esse tempo regredir,
O tempo são os anos que a gente dedica a um emprego, a um relacionamento. A pressa é a sensação de ter perdido tempo.
O tempo são horas que a gente perde todo dia, para ir e voltar do emprego. Pressa é cometer as maiores imbecilidades no transito, se tornar um completo selvagem, apenas para chegar 5 minutos mais rápido, no emprego ou em casa.
O tempo é entender que nada na vida é mais importante que ele, o tempo. Entender que ele sempre vai ter um dia, de 24 horas, disponível para o seu deleite. Quanto dele você aproveita com as pessoas que ama, quanto dele você vende por dinheiro...exato! Você pensa que vende seu trabalho, seu expertise no caraio de asas todo, Mas você vende tempo e tempo é vida. Voltando ao raciocínio:
O tempo é vida. A pressa é deixar o lado direito da escada rolante livre para quem tem muita pressa e onde eu vivo, eles são maioria. 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Bom era o tempo que não havia essa gourmetizacao de pessoas, de coisas, de sentimentos. Bom era na época em que barba e cabelo grande era coisa de vagabundo e mendigo, não desses meninos depilados criados pela avó, que usam até laque. Bom era na época em que xavecar uma garota no metro era menos ofensivo que um cara mandar a foto do pau rijo, pelo aplicativo de namoro. Bom era quando a água ainda era limpa, quando a gente chamava o amigo na porta de casa. Isso eu nunca mais vi. Bom era na minha época, porque uso os mesmos termos que meus pais diziam. Bom, eu estou envelhecendo.
O amor é livre, atemporal e desapegado. Não tem sexo, nem cor, nem credo. O amor é cego, sensitivo e persistente. O amor não tem fronteiras. O amor é Deus e está em todo lugar.

terça-feira, 12 de abril de 2016

As mesmas nações que fomentam a guerra na Síria, lhe fecham as portas para os seus civis refugiados, expulsos de seus países por guerras estupidas por motivos ainda mais estúpidos. Tudo começa sempre com a disputa entre 'democracia' e 'ditadura', 'comunismo' e 'capitalismo', racismo e todo tipo de mentiras, que deturpam essas palavras, Fica de olho Brasil, a história ensina e o tempo pune.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Mas algum dia vai ficar evidente que o bom não é ser rico, já que a riqueza depende da pobreza para existir. Bom mesmo é ser livre e não pagar nada pra ninguém.