terça-feira, 25 de junho de 2013

Nós, Os Filhos da Geração Y

Em meio aos protestos que vem ocorrendo no Brasil, decidi perder algum tempo analisando mais friamente os acontecimentos para formar uma opinião mais coesa, já que por enquanto tudo é novidade para nós brasileiros que não viveram a época da ditadura. Compartilho-as então.

Uma das grandes surpresas, tanto para nós como para os nossos governantes, foi um levante dessa envergadura, em plena copa das confederações no Brasil. O povo brasileiro, historicamente pacífico e acomodado, cismou de requerer seus direitos logo agora? A copa é nossa, não estamos em crise eminente, o que foi que aconteceu para tanta gente ficar furiosa e lotar as ruas protestando contra um governo recém eleito democraticamente? Enfim.
Todos dizem que o estopim dessa RE(VIRA)VOLTA foi o aumento da tarifa do transporte público, que levou um pequeno movimento fundado em 2005 chamado MPL às ruas, com mais ou menos 1000 pessoas, mas eu discordo dessa versão.
Nos dois primeiros protestos, o MPL não chegou a ter 2000 pessoas na passeata na Av Paulista. A mídia criticou, chamando-os de 'filhinhos de papai da classe média', a população criticou (eu inclusive) porque a manifestação só prejudicava quem estava na rua e o governo menosprezou, acusando-os de baderneiros. Na terceira manifestação, o governo do estado mandou a 'bem preparada' tropa de choque descer a porrada na molecada. Naquela quinta feira, foram feridos não só os manifestantes mas jornalistas, fotógrafos, transeuntes, trabalhadores, moradores de rua...a PM só fez merda e o governador foi a público dizer que a PM estava certa, tinha de reprimir mesmo. Pronto! Estava criado um dos maiores levantes nacionais contra os governos. 
A grande mídia tentou conter os ânimos minimizando o ocorrido, mas ai entraria em ação uma ferramenta que até então jamais havia sido usada: As redes sociais.
A maioria dos jovens e boa parte dos adultos (acho até que uma grande parte, na verdade) utiliza as redes sociais diariamente para diversão e comunicação. As informações filtradas pela mídia chegavam integralmente para os usuários, que a compartilhavam numa velocidade exponencial. Quando as pessoas ali olhavam que os agredidos pela polícia poderiam ser seu pai, sua mãe ou ele próprio, se sentiram agredidos também. O fato do protesto ser apartidário (qualquer bandeira ali já afastaria no mínimo, os de esquerda e direita), não ter envolvimento de nenhum sindicato, entidade de classe ou religiosa, sentiram-se parte do movimento. Todos putos com a pseuda democracia que estavam vivendo, onde se você não concorda com o estado, leva bala de borracha e spray de pimenta na cara.
No quarto protesto a coisa já era outra. Naquela segunda feira, o movimento pelos 20 centavos atingia mais de 100 mil pessoas (que a mídia e a polícia insistem em dizer que eram 65 mil). A cidade foi tomada, as marginais, a Paulista, a ponte estaiada, o palácio do governo. A população foi as ruas e não só se convenceu sobre a sua força, como inspirou outros estados a fazerem o mesmo. O governo batia o pé dizendo que não revogaria o aumento, a população marchava e já parava São Paulo pelo segundo dia consecutivo. Ocorreram saques, violência e enfrentamentos. A polícia agora já temia a multidão, o governador temia o levante, até que finalmente abriu as pernas, revogando o aumento. Devia ter feito antes, porque agora os 20 centavos já não faziam mais tanta falta. 
O Brasil acordou pegando fogo e as manifestações já não estavam mais apenas nos grandes centros, as exigência não era mais só a tarifa do transporte. De fato, o povo acordou cansado de tantos achaques do poder público. Dos aumentos salariais e das regalias de sultão que os políticos brasileiros gozam. Da quantidade exorbitante de impostos que se paga sem que nem 1/10 desses recursos retornam como serviços. 
O povo se levantou para cobrar tantos anos de exploração e corrupção e o que está ocorrendo, não há qualquer prognóstico. 
Em apenas uma semana, conquistamos mais do que nos 10 anos passados e isso não deve parar. Estamos diante da possibilidade de corrigir grande erros do passado, sem a necessidade de pegar em armas, apenas inviabilizando o poder através das manifestações. Essa é hora dessa geração entrar para a história, levando esse rico país para outro patamar. E tudo isso por conta de 20 centavos. Obrigado governador!



sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sobre o protesto contra aumento da tarifa do transporte público em São Paulo:
O aconteceu ontem em SP foi errado, mas totalmente pertinente. Os governos aqui do Brasil levam uma vida mansa, empurrando esse monte de leis, taxas, aumentos, felicianos e outros goela abaixo da sociedade, pois há muito tempo essa mesma sociedade apática e conformada não se organiza e não se levanta contra essas afrontas. 
Esse gesto, que obviamente foi inspirado nas recentes revoltas na Turquia, será um excelente sinal às 'otoridades' que as coisas não serão mais assim tão fáceis como outrora foram. Com as mídias sociais, aumentam o poder de mobilização e de informação (vi pouquissima informação sobre a revolta na Turquia pela tv aberta, já no FB...) e descentralizam o poder de comunicação, deixando o estado mais volátil.

Digo que foi errado o que ocorreu na Paulista e nas regiões próximas porque vandalismo e depredação de bem público é pago por todos, inclusive pelos que cometeram o ato, mas já tá na hora mesmo de soltar um pouco de fumaça para que essas 'otoridades' saibam que onde há fumaça pode haver fogo.

Como vamos aceitar pagar mais sem qualquer contrapartida, apenas porque nos é imposto pelo governo? O transporte público ainda é precário na maioria das regiões periféricas da cidade. Como vamos arcar com o aumento sabendo que, por exemplo, o Metro em Buenos Aires custa cerca de R$ 1,05 e em Santhiago R$ 2,44.